O Efeito Zeigarnik é uma tendência do psiquismo humano para lembrar-se melhor e com mais frequência das tarefas inacabadas em detrimento daquelas que já foram concluídas.
Foi descrito pela psicóloga russa Bluma Zeigarnik na década de 20 do século passado, inspirado num episódio incomum. Bluma reparou que o atendente de um estabelecimento tinha uma facilidade enorme de se recordar daqueles pedidos que ainda não tinham sido atendidos. Os outros, já atendidos, ele esquecia logo em seguida.
Instigada com o fato, fez vários experimentos em que repassava aos sujeitos de pesquisa algumas tarefas. Em um dos grupos, ela interrompia a execução da tarefa abruptamente, enquanto o outro grupo a concluía. Depois de algumas semanas, ao entrevistar novamente os dois grupos, notou que o grupo que não havia concluído as tarefas podia detalhar minunciosamente os deveres exigidos, enquanto o grupo que concluiu as tarefas, não tinha a mesma riqueza de detalhes.
Pensamentos e sentimentos que retornam o tempo todo, tomam sua atenção por completo, atrapalham suas atividades corriqueira. Provavelmente são frutos do Efeito Zeigarnik.
São palavras por dizer, ações por tomar, pensamentos que não ganharam forma, planos que permanecem na berlinda, como formas inacabadas que exigem uma solução. Enquanto algum ato não os satisfizer, pelo menos parcialmente, eles permanecerão em estado de constante tensão.
Esta tendência está tão incrustada nas subjetividades que pouquíssimas pessoas se dão conta de que seus pensamentos e sentimentos cotidianos não passam de um desfilar de queixumes de coisas por resolver! Acomodam-se e fingem viver bem com isso.
Em contrapartida, outras pessoas conseguem identificar facilmente o Efeito Zeigarnik em ação, pois sentem seus efeitos. Aflição, impaciência, tristeza e afins são indicadores de sua ação exagerada. Não é tão difícil saber o que devemos fazer.
Mas então por que, mesmo assim, não fazemos? E embarcamos na repetição de padrões de comportamento que simplesmente não nos fazem felizes?
Talvez seja um problema de congruência. Ser congruente é reduzir o espaço que há entre pensamento, palavras e atos. Parece fácil? Pare e pense como foi seu dia. Quantas coisas pensamos e não fizemos, ou fizemos automaticamente, sem pensar? Quantas coisas falamos por falar, quando o melhor teria sido calar?
Entre o pensamento, o desejo e ação que os realiza, moram todos os fantasmas dos tabus, dos velhos hábitos, das pequenas certezas que nos impedem de agir em prol do que queremos e precisamos. São esses hábitos de pensamento, oriundos de experiências passadas recentes e remotas que nos afastam da força necessária à congruência, o único paliativo conhecido ao Efeito Zeigarnik.
Obviamente nunca resolveremos situações por completo, vai sempre sobrar um restinho de insatisfação, que não é ruim, pois nos impele a agir e realizar. O Efeito Zeigarnik é uma importante ferramenta de autoconhecimento, pois joga na nossa cara aquilo que precisamos e queremos, e ainda pergunta: "E aí, vai resolver ou não?".
Se você disser que não, nem se preocupe, ele sabe seu endereço e voltará para lhe perguntar outra vez!
Adaptado: Rômulo Justa
Efeito Zeigarnik
quarta-feira, 17 de julho de 2013
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