O que é dito oculta quem o diz. A palavra é um véu que esconde quem a pronuncia. Quando alguém fala, parece que o que saiu de sua boca foi “a verdade”, um reflexo objetivo e independente da realidade. A ilusão de descrever “o que é”, de apresentar um objeto com independência do sujeito, é a causa de enormes sofrimentos.
Longe de ser um problema filosófico, a pretensão arrogante de se considerar o dono da verdade é a principal barreira à comunicação respeitosa e à interação efetiva. Separados por visões irreconciliáveis, aqueles que operam no paradigma do “eu tenho razão” acabam se encontrando em “guerras santas” contra os hereges que vêem as coisas “de forma equivocada”. Essa qualificação de equivocado transforma o outro em um expoente de erro, do mal, do pecado. É assim que termina o amor e começa o ódio.
Humberto Maturana
Razão
segunda-feira, 30 de março de 2009
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