O outro lado da muleta: delivery, lado A

domingo, 9 de setembro de 2018

Este assunto (delivery) dividirei em 2 partes, sendo lado A (as experiências boas e engraçadas) e lado B (problemas que encontrei, os quais escreverei em outro momento).

Nos primeiros dias após o procedimento médico eu estava proibido de andar distâncias muito grandes e orientado pelo médico a evitar ao máximo sair de casa para não me expor a situações que pudessem gerar problemas. Essa era a orientação do médico, a minha orientação era não sair de casa simplesmente porque eu não conseguia! Fiz um teste certo dia e não consegui andar mais que meia quadra (muletas, robofoot e pulando em uma perna só), não estava fisicamente preparado para isso e a idade e peso também já não me ajudavam!

Dado esse cenário, a alternativa que achei para me manter vivo foi usar aplicativos e sites de delivery. Testei praticamente todos os disponíveis no momento, com as mais diversas propostas: mercado, farmácia, comida, etc.

Achar um serviço que ofereça um custo benefício que atenda suas expectativas não é fácil, ou são caros demais, ou demoram demais, etc.

Testei vários aplicativos de delivery de comida e também vários restaurantes disponíveis via aplicativo, até que encontrei um que me agradasse: comida boa, quantidade e variedade boa, entrega rápida, preço justo, enfim, um "Santo Restaurante"! Uma vez que esse restaurante me agradou e não estava mais afim de "tentativa e erro", passei a pedir sempre no "Santo Restaurante". Não conheço a logística de entrega dos restaurantes/motoboys, mas coincidiu de sempre o mesmo entregador vir me trazer a comida. Nas primeiras vezes a entrega foi normal, pega o produto, paga e vai cada um pro seu lado.

Conforme o tempo foi passando e o mesmo entregador trazendo minha comida, vendo minha situação (muleta e robofoot) ele começou a perguntar o que tinha acontecido, contei a história e ele aproveitou o momento para contar sua história também, a partir daí a cada dia que ele entregava a comida ele perguntava se eu estava melhorando, até chegar ao ponto de ficar conversando por vários minutos (provavelmente atrasando as demais entregas dele e esfriando meu almoço!).

Lição aprendida: é impressionante como o ser humano em determinadas situações se solidarizam com os outros, ele não tinha nenhum motivo para se interessar pela minha situação, nem mesmo compartilhar detalhes da vida dele sem eu ao menos ter perguntado. Conforme o tempo foi passando, eu fui melhorando e tirando aos poucos as muletas e o robofoot, a cada dia que ele me via um pouco melhor ele ficava feliz em ver a evolução, sempre com um jeito e palavras simples querendo ajudar de alguma forma, nem que fosse desejando melhoras. No dia a dia você percebe quem são as pessoas de bom coração e que dão o melhor de si, querem o bem do próximo e não desejam mal a ninguém. E que a vida retribua em dobro toda boa ação e intenção que as pessoas tiverem.